Neste final de semana li o livro "A minha versão da história" da Carlena Weber, que a propósito super indico. Nascemos no mesmo bairro, frequentamos vários mesmos lugares, mas nunca fomos muito íntimas, como sou curiosa pela essência humana quis conhecer a versão dela da história que muito ouvi falar, mas que nunca perguntei. A questão é que adorei o livro, me trouxe várias reflexões sobre como nossa mente é poderosa e capaz de coisas que não imaginamos.
Parei para pensar em diversos momentos do livro sobre um dos principais pressupostos da PNL, mapa não é território. Em diversos relatos dela percebi que uma das maiores dificuldades das pessoas é encaixar o território nos seus mapas e na verdade é isso que na maioria das vezes tentamos fazer, não ampliamos nossa visão de inicio, tentamos encaixar o que acontece no nosso mapa pre-existente.
Esse fato se acentua quando passamos por situações totalmente adversas como a que ela relata no livro. Quando isto acontece, força a nossa mente a criar novos mapas, pois caso contrário, temos a sensação que não nos cabemos mais no nosso território. Fazer isso leva algum tempo, sofrimento e trabalho.
Me lembro como se fosse hoje, o dia em que a obstetra me informou que deveria entrar imediatamente em repouso, provavelmente, teríamos que tirar o Nich antes do tempo normal. Levei algum tempo para assimilar aquela informação e o que ela significava realmente. Eu só cai na real quando comecei a ver outras família indo embora do hospital e eu sequer podia pega-lo no colo. Me lembro que as 3hs da manha tive uma crise de raiva de uma mãe que estava no quarto ao lado do meu que chamou a enfermeira e pediu que ela levasse a sua linda bebe para que ela pudesse dormir. No meu mapa algo gritou - Como assim ela quer dormir? Ela não quer ficar com a filha? Eu não posso ficar com meu filho? Ela não sabia como era não poder estar com seu filho, assim como eu pouco tempo antes. Encaixei no meu mapa a situação e fiquei indignada.
Na verdade, só entendi o que era ter um bebê prematuro quando ele tinha uns 10 dias. Bebes prematuros como o Nich foi, não existiam no meu mapa ate então. Eu sequer havia comprado fraldas RN, acreditava que não precisaria delas as P seriam as indicadas. De repente me vi, 2 meses antes da data, com a barriga toda colada, inchada como se fosse explodir, trilhando no shopping procurando alguma loja que "tivesse no seu mapa" a existência de bebes prematuros, confesso que foi uma tarefa árdua.
Isso sem falar em todos os apetrechos que descobri que precisaria e nunca nem tinha imaginado que existissem, como máquina elétrica para ordenha, a minha. Pois ordenha de pessoas ou de vacas tem o mesmo nome, e isto por si só, já levou um tempo para que meu cérebro assimilasse.
A pate interessante disto é que mostro a tal da máquina a toda mulher que tenha problemas com amamentação, pois ela, hoje no meu mapa é indispensável não só a mães de prematuros mas a qualquer mãe que deseje amamentar e trabalhar por exemplo. Hoje também percebo que fiz quase um estágio na ÚTIL neonatal e isto me trouxe a oportunidade de ampliar muito meus mapas em relação à bebês e doenças.
A pate interessante disto é que mostro a tal da máquina a toda mulher que tenha problemas com amamentação, pois ela, hoje no meu mapa é indispensável não só a mães de prematuros mas a qualquer mãe que deseje amamentar e trabalhar por exemplo. Hoje também percebo que fiz quase um estágio na ÚTIL neonatal e isto me trouxe a oportunidade de ampliar muito meus mapas em relação à bebês e doenças.
Só conseguimos criar mapas adequados quando andamos pelo território de forma profunda e sem filtros.
No livro, a Carlena narra a curiosidade das pessoas em relação a ela e ao acidente e hoje vejo isso como uma coisa positiva até, pois pode ser uma expansão de mapas. Claro que pode ser meio chato as vezes e no inicio ate doloroso, pra quem tem que ficar dando explicação, mas também pode criar a oportunidade de outras pessoas terem outras perspectivas sobre a vida.
Quando passeava com o Nich as pessoas também me paravam e olhavam pra ele, além dele ser bem pequeno ainda usava óculos. Eram muitos olhares e perguntas, porque um bebê tão pequeno usa óculos? Isso não é uma coisa que faça parte do mapa de muitas pessoas. Diziam: - coitadinho!! e Eu pensava. - Coitado porque? Ele só usa óculos!
O que quero concluir com todo esse papo é que nós não sabemos de nada, nosso mapa é apenas uma perspectiva do que acreditamos. Não sabemos como é viver a vida das outras pessoas, às vezes não sabemos nem viver a nossa própria vida quando ela muda de curso. Não sabemos pelo que as pessoas já passaram, nem porque elas fazem o que fazem ou sentem-se como sentem-se.
É preciso nos libertarmos de julgamentos.
Toda nova realidade precisa de tempo e dedicação para passar a fazer parte dos nossos mapas e não é fácil, muitas vezes nos perguntamos o porquê? Porque passei por isso? Porque eu? Porque? As pessoas querem saber os porquês?
Mas na verdade o que realmente importa é o COMO.
Como ser mãe de um Prematuro?
Como ser tetraplégica?
Como ser gay?
Como ser mãe adotiva?
Como ser órfã?
Como ser eu?
Como conviver com os outros sendo eu?
Como ser eu?
Como conviver com os outros sendo eu?
À medida que vamos descobrindo o como e incluindo as novas perspectivas no nosso mapa, começamos a nos libertar das amarras, dos medos, depressões, culpas e ansiedades e começamos a permitir olhar as possibilidades deste novo território e aí então construir novos mapas que se encaixem neste novo território.
Claro que ainda temos que lidar com o mundo externo, que ainda não adquiriu tantos recursos, mas quando mudamos, tudo a nossa volta muda e quando nos encontramos ajudamos as pessoas a fazerem o mesmo.
A questão é que quanto mais ampliando e repleto de possibilidades nossos mapas forem, mais fácil será passar por situações adversas.
Sempre respeitei a todos como obrigação de ser. Mas a partir do livro, ampliei meus mapas e talvez também tenha alguns chiliques por aí por rampas não existentes ou ruas esburacadas. Posso dizer sinceramente, que sou grata a Carlena e sua contribuição ao mundo pelo seu relato aberto, pois a mim serviu para ampliar muitooosss mapas.
Beijos e até o próximo post.
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